CRÔNICAS DO COTIDIANO DO TANGO
A GRANDE NOITADA
À noite todos os gatos são pardos, diz o velho ditado. No salão de Baile, no entanto, muitos reluzem.
Eles se viram pela primeira vez no baile anual. Dois grandes dançarinos, cada um a seu estilo. Impressionaram-se um com o outro, se olharam muito, mas não dançaram juntos.
O primeiro contato ocorreu em uma prática de Tango. Tímidas trocas de elogios; sorrisos discretos; posturas recatadas na dança. E foi desta maneira que passaram a se encontrar todas as semanas. Ao dançarem, percebiam-se as emoções contagiando suas mentes. Ficaram amigos e aos poucos, tornaram-se íntimos.
Tudo que poderia acontecer com estes dois, aconteceu na inauguração de uma academia. Encontraram-se de surpresa. Que surpresa! Havia muita gente; ele tomou coragem e a convidou para jantar. Ela aceitou! Semana seguinte, novo convite, agora para uma noite em um hotel de praia. Pergunta direta. . . Ela aceitou!
Tentaram todo o tempo agir com naturalidade, não estava sendo fácil para nenhum dos dois, mas, despertou-se certo ar de romantismo e. . . Foi bom! Que mais se poderia dizer desta grande noitada. . . Foi bom!
Pela manhã, quando ele acordou, ela já estava na piscina. Passaram então a se admirar em trajes de banho. . . Nada mal! Que mais se poderia dizer desta visão. . . Nada mal!
Ela retornou ao quarto primeiro, desculpando-se por demorar muito no banho. Encontraram-se já no salão de refeições.
- Devo chegar cedo em casa. . .
- Eu também.
Voltaram a se ver novamente na prática semanal de Tango. Que alegria contagiante! Deixaram-se envolver, foi inevitável. Dançaram toda a noite, muito juntinhos, sem se importar com mais ninguém e então se despediram. . .
- Que bom foi te encontrar, aqui!
- Eu que o diga.
- Até a semana.
- Até!
- Até!
Henrique Dinis
