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sábado, 18 de agosto de 2007

Dançar um Tango

“Assim como o tango, a poesia é um sentimento que baila em salões, porém , salões imaginários transcritos para o papel, ganhando forma nas letras desenhadas que serão ou não verbalizadas através da voz que tenta transmitir a gama de emoções que eclode da alma do escritor, poeta ou não, que serão lidas por outros olhos, sentidas e entendidas de tantas formas diferentes.
O tango e a poesia andam enamorados há muito tempo, desde que o ritmo tornou-se canção através de José Maria Contursi, em “Mi noche triste” e, a este flerte, uniram-se grandes escritores poetas como Jorge Luis Borges, José Ferrer, Abel Maria Aznar, Antonio Botta, Antonio Martinez Viérgol, - contemporâneo de Alfredo Le Pêra, entre outros. Novos e jovens poetas despontam em vários pontos do mundo, envolvidos pela mágica rítmica do tango, fazendo com que este ritmo universal continue eternizando-se. Prova de tal fato, verificou-se nos dois últimos concursos de Tango Poesia, promovido pelo Boletim Rio Tango, em 2003/2005, com grande participação e culminando com duas antologias com este ritmo que guarda em si a paixão em todos os seus níveis e a sensibilidade.
Como podemos ver, o tango e a poesia fazem um belo par, uma parceria onde a alma, o tango em forma de ritmo, toma forma nos versos poéticos que tentam traduzir toda ou quase toda a emoção contida em seus acordes. Esta boda, tem por exemplo confirmado e até hoje aclamado, o poema “El Dia Que Me Quieras”, escrito pelo poeta mexicano Amado Nervo(27.08.1870 – 24.05.1919), e foi inspirado neste poema que Alfredo Le Pêra escreveu o tango com o mesmo nome: El Dia Que Me Quieras, um dos tangos mais conhecido e executado no mundo. Não mais me alongarei neste texto, mas deixo os leitores com a leitura do poema de Fernanda Mulin, “Dançar um Tango”, o grande premiado no II Concurso Internacional de Tango Poesia, uma mostra da beleza nascida desta frutífera união entre “O Tango e a Poesia”.

Regina Sant’Anna

Dançar um Tango

Dançar um tango é minerar na foz.
Tirar do solo da alegria,
o que existe de melhor de nós, e
em forma de amor e melodia.

Dançar um tango é navegar na luz,
iluminar as nuvens dos cansaços.
É acender um sentimento que conduz,
vestindo a fé na rota de seus passos.

Dançar um tango é espalhar a paz
no rosto dos amantes, nas calçadas.
Nas pistas da paixão, no encontro dos casais,
é, dentro das pessoas, esculpir estradas.

Dançar um tango é criar saídas,
do beco da tristeza, das dores germinadas.
É retirar da voz o eco das feridas,
e retirar da vida as sombras semeadas.

Dançar um tango é não tecer tristeza,
e nem tocar com os dedos uma ausência.
É exilar do peito uma saudade
que corta como faca , sem defesa.
Pois só o tango tem asas para libertar,
o que está dentro da alma do povo,
e o sonho que liberta o gesto de dançar,
é a harmonia de um mundo novo.

Dançar um tango é falar dessa vontade,
para dizer da sua claridade,
para falar do eco da canção.
Por isso, hei de dançar aonde for,
no puro verso da palavra amor,
na poesia pura da emoção.

Fernanda Mulin
(1º lugar do II Concurso Internacional Tango Poesia

promovido pelo Boletim Rio Tango- 2005)


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